O Brasil ostenta belezas naturais e riquezas minerais inegáveis, mas debaixo da superfície, um perigo silencioso ameaça milhões de vidas e ecossistemas inteiros: o risco de rompimento de barragens.
Este foi o tema central do 4º Prevenção em Ação, uma iniciativa da BTK SOLUTIONS que busca construir um ecossistema de segurança e consciência, mobilizando a sociedade para a gestão de riscos e a salvação de vidas.
A live trouxe à tona dados alarmantes e lições brutais de tragédias passadas, reforçando a missão de que prevenir é mais do que remediar.
O Alarme Toca: Mais de 1 Milhão de Pessoas em Risco
A realidade exposta na live é chocante: dados da Agência Nacional de Águas (ANA) revelam que mais de 240 barragens em todo o território nacional estão classificadas em estado de alto risco. Isso coloca mais de 1 milhão de pessoas que vivem às suas margens em uma situação de vulnerabilidade, muitas vezes sem a devida consciência do perigo iminente ou de como reagir a ele.
A ameaça não é distante; ela paira sobre cidades e comunidades, exigindo uma mudança cultural de complacência para ação.
Mariana: Uma Ferida que Não Cicatriza
Para ilustrar a magnitude da tragédia, a live contou com a participação de Luciana Rodrigues, graduanda em Ciências Biológicas e especialista que atuou no diagnóstico socioambiental do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015.
O caso de Mariana foi classificado como o maior desastre da mineração do mundo em termos de extensão e efeito.
O Diagnóstico da Devastação:
- Destruição em Escala Gigantesca: O desastre liberou 44 milhões de metros cúbicos de rejeito, afetando a bacia do Rio Doce, atingindo 650 km de rios, 40 municípios e impactando, direta ou indiretamente, mais de 1 milhão de habitantes.
- Contaminação Tóxica e Silenciosa: O estudo da equipe de peritos, que durou 5 anos, revelou um nível absurdo de contaminação. Elementos tóxicos perigosíssimos foram encontrados com aumentos exponenciais:
- Cádmio: Aumento de 1.457 vezes.
- Cromo: Aumento de 5.572 vezes.
- Arsênio: Em organismos para consumo humano, o Arsênio chegou a extrapolar os limites de consumo em mais de 45.357 vezes!
- Dano de Longo Prazo: Devido à bioacumulação e à ressuspensão do rejeito pelas cheias anuais, o dano ambiental é classificado como irreversível ou parcialmente reversível. As estimativas mostram que o nível de degradação da área pode ser 173% maior em 100 anos.
A lama não apenas destruiu casas e ceifou 19 vidas, mas ela contaminou o ecossistema e a cadeia alimentar, sendo transportada pela corrente marítima e afetando outras regiões, como o Rio de Janeiro e a Bahia. A tragédia se torna, assim, um problema de saúde pública e segurança alimentar para todo o país.
O Que Podemos e Devemos Fazer?
A conclusão é clara: precisamos agir antes que o próximo desastre aconteça. A prevenção exige a união da sociedade, do poder público e das empresas.
Exigir Políticas Públicas Rigorosas: É fundamental cobrar dos poderes municipais, estaduais e federais a implementação de políticas mais restritivas e fiscalização mais rigorosa, revertendo retrocessos como a chamada "PL da devastação", que fragiliza as barreiras de segurança.
Sistemas de Alerta Funcionais: As empresas devem ser obrigadas a instalar sistemas de sinalização e alarme eficazes que permitam a evacuação imediata da população em caso de anomalias na estrutura.
Conscientização e Empatia: É urgente que a sociedade saiba dos riscos. Além disso, é preciso reconhecer a dor de quem perdeu tudo, vidas, lares e patrimônio de uma vida inteira, e cobrar justiça e reparação integral.
A lição de Mariana é um lembrete: não existe valor que pague uma vida. O dano que está feito nos ensina que o foco deve estar em evitar que isso se repita.
Participe do Prevenção em Ação
A iniciativa Prevenção em Ação nasceu justamente com o princípio de que conhecimento e mobilização salvam vidas.
Não podemos mais esperar a tragédia para correr atrás do prejuízo. A missão é juntar pessoas que pensam da mesma forma, que querem atuar no processo de prevenção e mobilizar a sociedade para um futuro mais seguro.
Se você se identifica com essa missão e deseja contribuir para a construção de um Brasil mais seguro, junte-se à iniciativa:
